Sou formado em Contabilidade, mas já havia sido escolhido pela música ainda na infância. Com dificuldades de interagir socialmente, descobri um universo perfeito e adequado quando me deparei com as teclas aos 6 anos. 
 

Tão logo as cadências harmônicas aliviavam minha alma e me aproximavam do Divino, ali eu compensava a falta de atenção, falta de expressão com palavras, usando outra linguagem. Os acordes, melodias e ritmos me aproximavam das pessoas e me levavam a lugares diferentes. Mesmo antes de iniciar as aulas particulares, a arte já fluía de forma muito bem estabelecida, ainda que rudimentar. 
 

Na adolescência, logo encontrei espaços onde meu som era bem quisto, como resultado disso, encontrei também pessoas, bons relacionamentos, amizades e troca de conhecimento. 

Na juventude já havia me permitido alguns métodos que os professores apresentavam, absorvia o que me interessava. Na década de 90, não tínhamos o mesmo acesso à informação dos dias atuais, ainda assim, minha melhor escola foi o ensino à distância, ouvir as fitas cassetes, vinis e posteriormente CDs dos meus grandes mestres e bandas: Chick Corea, Spyro Gyra, Ivan Lins, Tom Jobim, Milton Nascimento, João Alexandre, Ed Motta, Tribal Tech... um emaranhado tão grande de informações! Chegou um momento em que eu não conseguia mais organizar aquilo, foi quando decidi estudar no Rio com o Rafael Vernet, alguém que abriu as comportas. 

Antes disso, aos 19 anos, eu já estava em pleno exercício da arte, não era apenas profissão, era diversão séria. Meu estúdio já dava conta de atender muitos artistas da cidade e regiões vizinhas; fazia as campanhas publicitárias da época: jingles, vinhetas, spots... também nunca deixei de encontrar tempo para compartilhar informações, fazia isso com muita paixão. Limitei a quantidade de alunos para não abrir mão do coral da Petrobras, das bandas, da igreja e da família. Fui Ministro de Música da Segunda Igreja Batista de Macaé por 13 anos, onde tive a honra de produzir 5 álbuns congregacionais e 16 cantatas com músicas de minha autoria. 

Sinto-me feliz e realizado fazendo aquilo que fui feito para fazer, comecei dizendo que fui escolhido pela música, mas, antes disso, havia sido chamado por Deus para ter uma identidade em Cristo. A razão da minha felicidade não é a música, muito embora ela seja a maneira que descobri de me relacionar com este mundo, mas, é apenas um instrumento. Saber o que fazer com ela me faz feliz, saber quem sou e qual meu propósito aqui neste mundo, me faz pleno. Por este motivo, dedico a Deus o que sou e o que recebi dEle. Como dizia o grande gênio da música Johan Sebastian Bach, "Soli Deo Gloria" (A Deus toda a glória).